domingo, 1 de abril de 2018

* Estúdio de Tatuagem


Como em todos os anos, durante as férias da Páscoa, eu arranjava um part-time para poder ganhar dinheiro, para poder planear as férias de Verão. Naquele ano apareceu-me uma oportunidade bastante original, e muito diferente do que normalmente eu costumava encontrar.

A oferta surgiu através de uns amigos, e consistia em trabalhar como assistente num estúdio de Tatuagens, situado no Bairro Alto, em Lisboa, onde também eram efectuados piercings.

Foi uma experiência incrível, pois deslocava-se aquele espaço todo tipo de pessoas, desde jovens, pessoas mais velhas, homens, mulheres, betos, freaks, tudo…

Todas estas pessoas procuravam uma obra de arte, para ser desenhada em alguma parte do seu corpo, e como é fácil de prever, não existiam limitações, e existem pessoas que pretendem tatuagens nas partes mais estranhas do seu corpo.

O meu trabalho consistia em fazer as marcações das “consultas”, preparar as zonas a ser tatuadas, e dar um apoio directo, enquanto o tatuador realizava o seu trabalho. Quase sempre eu ficava fascinado com os fantásticos desenhos que via serem feitos na pele das pessoas.

Algumas situações não eram fáceis para mim, pois abrigavam a colaborar de um modo algo constrangedor. Naquele fim de tarde, apareceu um cliente alto, musculado, bronzeado, que já possuía algumas tatuagens. Ele fazia segurança numa discoteca, junto ao rio, e vinha com intuito de fazer uma tatuagem especial.

Como prova do seu amor, queria tatuar o nome da sua namorada, no seu órgão sexual. Bem, já tinha participado em algumas tatuagens estranhas, mas esta era sem dúvida nenhuma, a que mais me surpreendeu, e o modo como teria de ajudar o tatuador estava a preocupar-me.

Eu teria de segurar naquele membro, que teria de se manter erecto durante todo o tempo em que o trabalho era efectuado.

Ao preparar aquele órgão a pulsar virilidade, apercebi-me da sua perfeição. O tamanho era proporcional. Ao tomá-lo nas minhas mãos, e mesmo sob as luvas de látex, senti as pequenas veias pulsando ritmadamente, percorrendo aquele membro que a circuncisão tornara mais sensual.

Eu nunca tinha tocado assim num Homem, nem sentido esta estranha sensação, de apreciar um homem de uma forma íntima.

Em cada minuto que passava, na minha cabeça eram criadas novas histórias e novas imagens sobre algo tão perfeito, e cheguei mesmo a imaginar a minha namorada a desfrutar daquele monumento de perfeição. Imaginei-a a tocar, a saborear, a ser penetrada, tudo.

Confesso que naqueles minutos, surgiu em mim um forte desejo, de eu sentir aquele sabor na minha boca, e sentir o latejar daquelas pequenas veias nos meus lábios. De poder desfrutar daquele corpo, tendo a minha namorada como fiel observadora. Será que seria excitante para ela ver-me com um homem? Será que seria excitante para mim vê-la com outro homem? Não sei…

No final do trabalho, já se poderia ver bem escrito o nome “Elsa”, numa marca que ficaria gravada para toda a sua vida. Na minha memória também ficou gravado aquele final de tarde, e o único momento da minha vida em que senti desejo por um homem.

Foto: Shift Foto (Corbis.com)

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