Eu
tinha tirado aquele dia de férias para tratar de alguns assuntos
pessoais, o que é certo é que a chuva complicava o trânsito. Aquelas
de Fevereiro deixaram as estradas alagadas, e foi
quando passei mesmo em frente à estação de comboio de Santa Apolónia,
que involuntariamente, molhei uma jovem que estava no passeio a tentar
apanhar um Taxi.
Não
consegui seguir o meu caminho… Parei o carro e voltei para trás. Ela
estava a chorar pois tinha acabado de chegar a Lisboa e agora estava
toda suja com lama e molhada. Eu sentido-me culpado, disse para ela vir
comigo, pois roupa de mulher era coisa que não faltava lá em casa, do
tempo em que a minha irmã vivia comigo.
No
caminho, ela contou-me que tinha chegado a Lisboa para participar para
um programa de TV, e naquele dia o casting era num teatro. Todos os
amigos elogiavam os seus dotes vocais, e ela decidiu ser testada, para
saber se tinha mesmo jeito para cantar. Confessou-me estar muito
ansiosa, pois o júri daquele programa era sempre muito duro e
sarcástico, mas pelo menos ela já estava na segunda fase.
Rapidamente
chegamos ao meu apartamento, e quando ela entrou no wc para tomar o
duche,e eu lhe entreguei o lençol de banho, em tom de brincadeira
disse-lhe: “canta no chuveiro para te ouvir…” Ela sorriu, e assim
que começou a agua a correr, eu ouvi uma deliciosa voz, a cantar Alicia
Keys, Sheryl Crow e Joss Stone. Um ritmo perfeito, uma voz doce, um
timbre fantástico. De uma forma involuntária, entrei dentro daquele wc
para a ver cantar. Fiquei fascinado… Aquela voz deixou-me praticamente
hipnotizado, e agora os meus olhos também vidrados com a perfeição
daquele corpo. Ela quando se apercebeu da minha presença calou-se, e
ficou envergonhada, tentando tapar-se, mas eu nem reagi. Eu apenas
pestanejava em silencio.
Ela saiu da banheira e veio da minha direcção, para tentar perceber se estava tudo bem comigo. Eu disse-lhe: “Tu és perfeita, cantas divinalmente bem…” Já enrolada no lençol, ela transmitiu um sorriso de grande felicidade e perguntou-me: “Achas que posso ser um Ídolo?” “Claro que sim, tu vais longe”,
e ela agarrou-se a mim de contente. Aquele abraço, naquele perfeito
corpo, deu origem a algo que dificilmente algum dos dois imaginava
sentir naquele momento: um beijo.
Um beijo inadvertido mas quente, demorado e intenso. Ela olhou para mim e pediu-me: “ Podes-me fazer uma massagem para eu ficar mais relaxada para o casting de logo à tarde?” Foi impossível dizer que não, e com ela deitada sobre a minha cama, as minhas mão percorreram aquele corpo, de uma forma sensual mas sem ousadias. Ela era mais jovem que eu, e apesar de eu desejar aquele corpo, as minhas mãos apenas tocavam nas suas costas e nas suas pernas.
Quando ela se colocou de barriga para cima, as minhas mãos tocaram no seu umbigo, e senti a sua respiração mais ofegante e ela pediu-me: ”Sê mais ousado, toca onde queres tocar… sente-me…” Eu não resisti, e toquei-lhe deliciosamente num sitio fascinante, e sentindo que os meus dedos era pouco para a fazer sentir mulher, mergulhei naquele corpo de uma forma profunda, e que eu nunca imaginei possível de acontecer…
Aquela mulher era musica, era uma pauta harmoniosa, onde os seus gemidos de prazer tinham um timbre inconfundivelmente ritmado. Transformei o seu corpo num intenso instrumento de prazer. Na rua, a chuva estava mais intensa e batia na janela, mas ali naquele quartos, acabava de se viver um intenso aguaceiro de prazer. Um aguaceiro que nos obrigou a regressar para o chuveiro… e no chuveiro tudo continuou, eu pedi-lhe que ela cantasse, enquanto a batuta marcava o ritmo, no entanto agora a sua voz já não estava tão perfeita, pois no meio daquela letra, surgiam sempre incontrolados gemidos. Como foi possível tudo isto acontecer com alguém que eu apenas conhecia à uma hora?
De seguida, levei-a ao Teatro e ela arrasou, os júris renderam-se ao seu talento. E Agora? Até onde ela irá naquele programa. Será a finalista? A vencedora? Se eu contar a alguém o que vivi com ela alguém irá acreditar? E tu não desconfias quem é?
Foto: Elisa Lazo de Valdez
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