Alfama estava ao rubro naquela noite quente de Santo António. No ar
pairava o cheiro a sardinhas e manjericos, misturada com a tradicional musica
popular. Foi no meio daquela multidão que circulava e dançava pelas ruas
daquele bairro típico de Lisboa, que me cruzei com a Margarida.
No meio de tanta gente e naquela euforia, que acabamos sempre por
trocar dois passo de dança com uma desconhecida, no entanto a Margarida tinha
uma atitude especial, uma personalidade forte, parecia uma mulher de armas. Foi
ficando sempre como minha companheira de dança.
Dançamos incrivelmente ao som de Quim Barreiros e de Emanuel.
Estávamos radiantes a viver aquela típica noite lisboeta. Criamos uma estranha
afinidade que decidimos aproveitar, com um tímido e simples tocar de lábios.
Foi um beijo simples mas especial.
No entanto, à meia noite quando tocou o sino de uma igreja ali
próxima, ela olhou para mim e disse: “-Meia noite? Tenho de me ir
embora… Adeus…” Eu em tom de brincadeira perguntei-lhe:”- Embora porquê?
A tua coche vai se transformar novamente numa abóbora? Lol”… Ela sorriu,
mas nem me respondeu e começou a correr pela rua abaixo, deixando cair a
pulseira que trazia no seu braço.
Impulsivamente, agarrei aquela pulseira e corri atrás daquela
jovem, sem nunca a consegui alcançar. Ela era rápida, no entanto consegui
sempre controla-la à distancia e reparei que ela entrou num navio da marinha
portuguesa que se encontrava estacionado entre Santa Apolónia e o Jardim do
Tabaco.
Irreflectidamente entrei dentro daquele barco para a tentar
encontrar, e logo à entrada quando ela me viu disse-me: “-És louco? Que
fazes aqui? Ninguem te pode ver aqui senão vamos ter problemas…” e abriu
uma porta de um pequeno compartimento e disse que eu não poderia sair dali até
novas ordens, senão eu poderia estar tramado por invadir um navio militar. E
ali fiquei fechado, totalmente às escuro, num espaço muito pequeno, e onde
apenas conseguia ouvir as conversas de quem passava no corredor do navio.
Passado algum tempo, deixei de ouvir qualquer tipo de barulho e o
navio ficou em silencio. Foi ai, que alguém abriu a porta daquele pequeno
compartimento, e eu um pouco assustado perguntei: “-quem és?”
Apenas ouvi: “xiuuuuuuu”. Fiquei ainda mais nervoso quando senti umas
mão a tocarem-me no corpo. Eu não conseguia ver nada, era como se estivesse
vendado. Quem estaria ali? A Margarida? Outra mulher? Ou seria um homem? Um
marinheiro gay?
Passei com a mão no rosto e senti uma pele suave e sussurrei: ”-És
tu, não és Margarida? A minha Cinderela?” Mas mais uma vez apenas ouvi
de resposta um “xiuuuuuuu….” Mas eu não tive duvidas, quando
meu meu dedo sentiu um pequeno sinal que ela tinha no rosto, junto do
nariz.
E foi naquela escuridão total que começamos a cometer um grave
crime militar. Foi um crime sem imagem, e com muito pouco som, o som da troca
de prazer, do entrar e sair de dentro de um corpo feminino, que fervia de
vontade de me sentir lá dentro. O doce ruido da intensa troca de fluidos entre
dois corpos excitados.
Ela com o rabo bem empinado na minha direcção, e eu com as minhas
mãos na sua anca, originavam a minha penetração no mundo militar, e que
incrivel e perfeita penetração. Sempre que senti a sua respiração mais
descontrolada ou ofegante, correndo o risco de sermos ouvidos, eu parava,
deixado sempre aquele corpo completamente preenchido.
Ouvir aquela mistura de pequenos ruídos bem ritmados, misturado com
todas as sensações de um ambiente húmido mas quente que sentíamos na pele, foi
a chave daquele escuro prazer. Debaixo do mais intenso sigilo militar,
entreguei-lhe o meu secreto tesouro bem dentro do seu corpo, para ela o poder
guardar dentro de si religiosamente. Foi perfeito, excitante e maravilhoso,
ficar a conhecer desta forma todos os encantos da Marinha Portuguesa.
A Margarida foi uma incrível anfintriã, que soube guardar na
perfeição tudo dentro de si. Eu fiquei com vontade de mais, de a conhecer
melhor e de voltar a saborear e sentir aquele corpo.
Este primeiro contacto abriu-me o apetite para muito mais, mas
agora tínhamos um grave problema para resolver. Como é que eu ia conseguir sair
daquele navio sem ser visto?
Foto: _ (Corbis.com)
Excelente texto!
ResponderEliminarBeijo de boa noite!