Regressar
ao norte, à vila onde nasci e cresci era sem dúvida um regresso ao passado, um
regresso às minhas origens, à minha infância e à minha adolescência
Este
regresso fez-me voltar a encontrar a Célia, certamente um reencontro demasiado
perigoso.
Nós
namoramos durante toda a adolescência, e esse nosso amor ainda hoje está
marcado na velha árvore em frente à igreja, com um coração com os nossos nomes.
Aquela
vila era pequena, e devido a esse facto era fácil cruzar-me com as mesmas
pessoas. Eu cruzei-me várias vezes com a Célia, no supermercado, no Banco, na
farmácia. Ela não queria falar comigo, ela fugia de mim.
Ela
tinha razão para o seu comportamento, pois eu quando fui viver para Lisboa,
ignorei-a, deixei de lhe falar, e agora passados dez anos, abrir feridas
antigas era algo que ela não queria.
Ela
estava casada com um dos homens mais influentes da terra, empresário e
presidente da casa do Futebol Clube do Porto. As pessoas mais velhas
contavam-me, que a Célia ficou durante várias semanas, triste e infeliz,
fechada em casa após a minha partida. Diziam-me que eu tinha sido um malandro,
um patife.
Eu
sentia-me culpado, e tinha de arranjar maneira de falar com ela. E foi naquele
final de tarde, em que o FC Porto jogava em Dublin, a final da Liga Europa
contra o Braga, que o seu marido organizou um encontro com todos os amigos, na
cave da sua vivenda, para ver o jogo e festejar a vitória, que tudo aconteceu.
No meio de tanta gente foi fácil infiltrar-me naquela casa, no meio de tantos
homens vestidos de azul. Ainda no quintal, espreitei numa das janelas da casa,
e vi a Célia deitada na sua cama, a escrever no seu computador. Arrisquei e
saltei aquela janela.
Ela
ficou sem reacção e chorou. Chamou-me nomes, ofendeu-me e libertou toda a raiva
que sentia, para no final dizer que passados todos estes anos, ela nunca me
tinha esquecido, e que eu ainda era o grande amor da sua vida.
A
forma que tive de a acalmar, foi voltar a tocar os meus lábios nos dela. E foi
nesse momento que me arrependi de ter abandonado aquela doce boca, doce pele, e
aquele meigo olhar. Ela confessou-me: ”Sou uma mulher rica
mas infeliz, tenho dinheiro e bons carros, mas não tenho carinho, não tenho
amor, não tenho atenção. O meu marido só pensa em futebol, em negócios e em
amigos…”
Este
desabafo deu origem a um abraço sentido, terno e carinhoso. Ela voltou a dar
voz ao seu coração: “há muito anos que não
sentia assim os braços de um homem, a garra de um homem…” Eu agarrei aquele
corpo feminino com força, com carinho e dedicação. Ela derreteu-se por
completo. Ela queria voltar a viver e a sentir a sua adolescência. Queria
voltar a viver um tempo em que foi feliz. Impulsiva, rasgou-me a camisa e
beijou-me no peito. Mordeu-me o pescoço e bateu-me no rabo.
Os
olhos dela debitavam desejo. Ela voltou a desabafar: “quero voltar a sentir
um orgasmo, pois o meu marido usa-me rapidamente para o seu prazer, e depois de
estar satisfeito adormece… esquecendo-se sempre de mim…”
O
seu pedido foi uma ordem, e dez anos depois voltei a entrar dentro de um sítio
do qual nunca deveria ter saído. Eu nunca deveria ter abandonado o quente e
delicioso interior daquela mulher. A Célia vibrava e eu resistia, a Célia
tremia e eu aguentava. Enquanto seu marido vibrava e gritava ao som do futebol,
ela vibrava de prazer. Confesso que nunca tinha assistido a uma mulher a
desfrutar de tanto prazer, de tantos orgasmos seguidos, e naquele momento ela
voltou a dar voz à sua alma: “-Estavam todos
guardados para ti, para o único homem que até hoje, conseguiu dar-me prazer, e
fazer-me sentir verdadeiramente mulher…”.
Depois
de tudo, sair daquela casa em tronco nu, foi fácil, pois o Porto acabou por
ganhar a Liga Europa, e homens na rua em tronco nu eram muitos. Naquela noite,
enquanto o marido festejava o regresso do Porto a conquistas europeias, ela
festejou o seu regresso ao prazer… Como seriam as coisas depois daquela noite??
Foto: Elena
Segatini (Corbis.com)
Instigante e prazeroso texto!!
ResponderEliminarBeijo. Boa noite!