No entanto, para ser
sincero, comecei a ficar preocupado quando dei por mim, a pensar todos os dias
nela, antes de adormecer… e pior ainda, quando as letras das músicas românticas
começaram a fazer sentido.
Sempre que nos
encontrávamos, o sorriso era mútuo, dando origem a uma felicidade espontânea.
Eu sentia borboletas no meu estômago. O beijo que lhe dava no rosto, dava-me
uma terrível vontade de o transferir para a sua boca. Mas volto a relembrar que
existia um grande obstáculo, para eu poder ganhar coragem, e para lhe confessar
o que andava a sentir. Ela vivia uma relação muito estável, com alguém que eu
nem conhecia. Ela seria feliz? Eu não tinha coragem para perguntar, mas
diariamente apetecia-me questionar, mas eu não conseguia tirar esta espinha da
minha garganta.
À noite, na minha
cama, eu pensava nela, mesmo sabendo, que muito provavelmente, naquele momento,
ela entregava-se de prazer, entregando o seu corpo a outro homem. Mesmo assim,
no meu quarto escuro, eu imaginava tudo o que queria fazer com ela. Eu queria
tocar-lhe, eu queria beija-la, eu queria acaricia-la… Eu queria aquela mulher
para mim, mas seria pedir muito? Provavelmente sim…
Torna-se fascinante
imaginar o corpo nu da pessoa que desejamos, de uma forma pura, quase perfeita,
imaginando uma obra de arte, de um valor incalculável. A imaginação humana é
poderosa, e dá voz e sabor ao prazer do nosso corpo, e eu utilizava-a da melhor
maneira possível, para poder sentir tudo o que sonhava.
Eu tocava no meu
corpo, imaginando aquela mulher ao meu lado, originando mil sensações. Será que
o meu comportamento se estava a tornar obsessivo? Nada disso, eu apenas não
conseguia dominar o incrível poder de atracção que se tinha apoderado de mim...
Há coisas impossíveis de controlar na vida...
E assim, a única
maneira que eu tinha para acalmar estes fortes sentimentos, era oferecer ao meu
corpo, sensações idênticas, às que eu queria oferecer aquela mulher.
Com os olhos bem
fechados, bem esticado na minha cama, imaginei tudo bom… e de forma lenta e
demorada, o prazer apoderou-se de mim, prolongando deliciosas sensações criadas
pelo pecado da carne. A minha imaginação deixava-me louco… perdido… exausto…,
mas o meu corpo agradecia…
Eu andava perdido, e
não pensava em mais nada… nela, nela, nela… e se ela também pensava em mim? E
se ela também me desejava da mesma maneira? Valerá a pena arriscar?
Confesso-lhe o meu desejo? Eu quero que ela seja a mulher mais feliz e
realizada do mundo…
Já pensei bem, ganhei
coragem, e vou falar com ela, vou arriscar… pois a falta de coragem causa perda
de momentos incríveis… a vida é um risco, e temos de saber arriscar…
Foto:
Fabrice Lerouge (Corbis.com)
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